domingo, 26 de agosto de 2007

da feliz-idade

hoje eu amanheci mais feliz que ontem. e acordei pela feliz porque durante a noite eu quase não dormi. passei em claro, investigando na minha memória coisas sobre mim mesmo, e acabei redescobrindo dentre tantas coisas, alguns bons momentos que vivi.

percebi que ao fazer essa busca, e os achados que apareceram em mim e para mim, tinham me dado uma alegria que eu nem sequer buscava para aquele momento. pensava apenas em me estudar, em me conhecer mais e melhor, enfim, poder ganhar mais intimidade comigo mesmo.

foi quando de repente me veio uma súbita vontade de sorrir. e assim fiquei até chegar o Sono.
e assim eu dormi sorrindo e acordei mais leve e feliz.

como a Noite é linda, e a Manhã maravilhosa!

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

samsara

os orientais acreditam que o mundo se move por ciclos que se repetem constantemente. e nesse ciclo de surgimento e desaparecimento estão todos as coisas, incluindo nós enquanto seres humanos que vivem, respiram e desejam coisas.

nós, assim como esse mundo, passamos todos por transformações, e essas mudanças obedecem uma regra geral que eu chamo de Harmonia. assim absolutamente nada nem ninguém escaparia a essa regra universal da harmonização.

plantio e colheita, causa e efeito, contrários e semelhantes, forte e fraco... assim funciona essa Lei universal.

e necessariamente todos se adequam a essa Lei, sem que tenham que se conformar ou se rebelar a ela. porque o fluxo da Vida não permite violência nem rebeliões. não permite inadequações porque a isso lhe é indiferente. dessa forma, todos viventes estão inclusos. adequar-se ou não a essa regra é apenas uma questão de posicionamento diante de Vida. os que não se curvam diante dela perecem e desaparecem. em outras palavras, os que não se harmonizam a essa Lei tendem a efemeridade.

dos poucos seres viventes que compreendem esse ciclo, muitos deles sofrem por perceberem que esse fluxo é irreversível e indiferente aos seus desejos. os tantos outros que ainda desconhecem essa Lei sofrem muito mais por não se adequarem a ela e por não perceber o que se passa ao seu redor.

feliz do Homem que compreende seu momento! mas isso, infelizmente é um privilégio concedido a poucos. porque no final das contas, todos sofrem.

alguns sofrem porque sabem e sentem, outros ainda sofrem mais por que a desconhecem e por isso ficam perdidos por entre o Fluxo interminável.

e neste sentido, é necessário se perder pra se achar, e uma vez se achando, voltar a se perder, sem que a Harmonia seja maculada. a isso eu chamo serenidade.

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

paifilho e filhopai



pais são pais porque têm filhos.
filhos são filhos porque têm pais.

se a Vida é fluxo e os pais vêm antes dos filhos, então os filhos, na sua vez serão pais também. e os pais serão avôs. mas isso é outra conversa.

mas o que faz de um homem pai? acredito que seria a capacidade de cuidar e orientar, e assim preparar filhos para serem novos pais.

olhando por outro lado, os filhos, pelo simples fato de existirem já mostram e preparam o caminho para os homens se tornarem pais.

isso me diz que a Vida coloca todos na mesma condição. uns orientam os aprendizes, e os aprendizes por sua vez ensinam aos que o orientam.

E assim a Vida segue seu fluxo...


segunda-feira, 6 de agosto de 2007

como nascem as pérolas

a Natureza é sábia no que faz. não há absolutamente nenhum exemplo dado por Ela que nós não possamos tomar para refletir melhor sobre a nossa vida.

um belíssimo exemplo que eu vou mostrar aqui, é como nascem as pérolas. a ostra, para poder sobreviver, ela tem que se abrir completamente para captar os nutrientes que estão presentes na água.

acontece que em um momento em que ela se abre para poder se nutrir, e junto com o alimento ela termina por ingerir também algum corpo estranho, como um grão de areia, por exemplo.

o grão de areia, ao adentrar na ostra fere o seu interior, causando danos à estrutura interna da concha. mas mesmo assim, a ostra necessita fazer esse movimento de abrir-se para captar nutrientes repetidas vezes, pois do contrário ela desfalece e morre.

há algumas belezas nessa situação da ostra:

ou se abre para se nutrir, mesmo sob o risco de causar algum sofrimento; ou do contrário, permanece hermeticamente fechada e morre por inanição.

mas no que se resolve se abrir para se alimentar e sobreviver, ela corre o risco de se expor às ameaças externas, que estão presentes na água e vêm junto com o alimento.

nesse risco eminente - entre a morte certa e a possibilidade de uma vida em sofrimento - ela naturalmente opta pela segunda opção, e ao se expor, é invadida pelo grão de areia. na invasão, a ostra, para aliviar o sofrimento e o incômodo que sente pelo grão de areia libera uma substância, que por sua vez é a mesma que compõe a proteção de suas conchas.

e nisto vemos outra beleza na situação da ostra:

a fim de cessar o sofrimento e o incômodo pelo grão de areia, ela deixa de cuidar da proteção externa e passa agora a tentar minimizar a dor e o sofrimento que sente, revestindo o grão de areia com o mesmo material que deveria estar reforçando as paredes externas de suas conchas

o nome dessa substância liberada chama-se madrepérola.

daí que uma ostra que nunca passou por isso, nunca será capaz de produzir uma pérola.

assim me vem a terceira beleza que posso observar sobre as ostras:

suas pérolas são causadas pela dor e pelo sofrimento, e que por uma questão de amor-próprio e auto-preservação a reveste com aquilo que lhe é mais importante, a fim de que não sofra mais com os arranhões do grão de areia.

logo, toda pérola é uma dor que chegou a seu termo pelo amor à Vida.