segunda-feira, 12 de abril de 2010

Carlos Drummond de Andrade & Renato Teixeira

 

Mixing do poema “O homem; As Viagens” com a canção “Amizade Sincera”

 

O Homem; As Viagens

Carlos Drummond de Andrade

O homem, bicho da terra tão pequeno
Chateia-se na terra
Lugar de muita miséria e pouca diversão,
Faz um foguete, uma cápsula, um módulo
Toca para a lua
Desce cauteloso na lua
Pisa na lua
Planta bandeirola na lua
Experimenta a lua
Coloniza a lua
Civiliza a lua
Humaniza a lua.

Lua humanizada: tão igual à terra.
O homem chateia-se na lua.
Vamos para marte — ordena a suas máquinas.
Elas obedecem, o homem desce em marte
Pisa em marte
Experimenta
Coloniza
Civiliza
Humaniza marte com engenho e arte.

Marte humanizado, que lugar quadrado.
Vamos a outra parte?
Claro — diz o engenho
Sofisticado e dócil.
Vamos a vênus.
O homem põe o pé em vênus,
Vê o visto — é isto?
Idem
Idem
Idem.

O homem funde a cuca se não for a júpiter
Proclamar justiça junto com injustiça
Repetir a fossa
Repetir o inquieto
Repetitório.

Outros planetas restam para outras colônias.
O espaço todo vira terra-a-terra.
O homem chega ao sol ou dá uma volta
Só para tever?
Não-vê que ele inventa
Roupa insiderável de viver no sol.
Põe o pé e:
Mas que chato é o sol, falso touro
Espanhol domado.

Restam outros sistemas fora
Do solar a col-
Onizar.
Ao acabarem todos
Só resta ao homem
(estará equipado?)
A dificílima dangerosíssima viagem
De si a si mesmo:
Pôr o pé no chão
Do seu coração
Experimentar
Colonizar
Civilizar
Humanizar
O homem
Descobrindo em suas próprias inexploradas entranhas
A perene, insuspeitada alegria
De con-viver.

 

Amizade Sincera

Renato Teixeira

Composição: Renato Teixeira

A amizade sincera é um santo remédio
É um abrigo seguro
É natural da amizade
O abraço, o aperto de mão, o sorriso
Por isso se for preciso
Conte comigo, amigo disponha
Lembre-se sempre que mesmo modesta
Minha casa será sempre sua
Amigo
Os verdadeiros amigos
Do peito, de fé
Os melhores amigos
Não trazem dentro da boca
Palavras fingidas ou falsas histórias
Sabem entender o silêncio
E manter a presença mesmo quando ausentes
Por isso mesmo apesar de tão raros
Não há nada melhor do que um grande amigo

domingo, 4 de abril de 2010

Ex, 12 1-28

é quando os tempos de Frio e Solidão chegam ao fim, e então se abrem os braços e os corações para chegada do Amor.

momento para celebrar a afirmação da Vida sobre a Morte e colher as promessas feitas no passado, trazer as alegrias para dar de Presente e neste Tempo e para cultivar o Perdão, a Sinceridade e a Gentileza.

porque nesta Vida, pouco se leva, nada se guarda e muito se aprende.

e se a Vida é mesmo uma grande Passagem, que seja uma passagem florida por entre bosques perfumados. que todos os Caminhos se entrecruzem por entre árvores formando um emaranhado de trilhas, que conduzam cada uma a seu modo ao grande Destino.

para que os caminhantes compreendam o que se busca e o façam com muita Atenção, pois nesse bosque, se olhar para Paisagem e descuidar do Caminho, não se chega; se olhar para o Caminho e descuidar da Paisagem, não se aprende.

Feliz Passagem!

Primavera (Vai Chuva) by Cassiano  
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Posted via email from harim britto